Artigo

A evolução da programação na Era da Inteligência Artificial

Por Gustavo Jaccottet
Advogado
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Em 12 de março, Jensen Huang, CEO da Nvidia, proclamou: “no futuro, ninguém precisará saber programar”. Embora verdadeira, essa afirmação soa estranha e pode sugerir, de maneira imprecisa, a obsolescência de todas as linguagens de programação. A realidade, porém, é mais complexa.
A IA traz a vantagem de simplificar o aprendizado de programação, embora de forma diferente da prática profissional atual. No futuro, é provável que os programadores não precisem dominar linguagens complexas como C, C++ e Java, mas usarão ferramentas mais alinhadas à linguagem humana. Contudo, eles continuarão essenciais, pois robôs não programam autonomamente; são programados para realizar tarefas específicas de programação.
O impacto cultural e tecnológico da IA na programação é significativo, mas não implica na dispensa dos programadores atuais nem desincentiva a entrada de novos talentos no campo. A analogia com calculadoras é apropriada aqui: possuir uma calculadora não torna a pessoa matemática, mas facilita a execução de cálculos complexos. Da mesma forma, a IA agora permite que pessoas sem formação técnica em programação realizem tarefas anteriormente inacessíveis, como criar planilhas e até pequenos jogos.
Neils Böhr, ao discutir com Oppenheimer, usou uma analogia marcante: não é necessário saber ler e escrever partituras para apreciar música. Analogamente, programar no futuro pode não exigir a escrita manual de extensos blocos de código; a IA pode auxiliar na tradução de zeros e uns em formatos mais compreensíveis.
Em vez de declarar que “ninguém mais precisará programar”, seria mais preciso dizer que “todos poderão programar ocasionalmente”. Isso não diminui a importância dos programadores, que, como artistas, inovam e criam no mundo digital. A evolução do código para se assemelhar mais à fala humana introduzirá novos desafios, especialmente no âmbito do hardware. A Nvidia, juntamente com a entrada da Apple, que utiliza arquitetura ARM, destaca a necessidade contínua de inovações em tecnologias como GPUs, LPUs e TPUs para apoiar os avanços na IA generativa. O futuro ainda é incerto, mas não surpreenderia se, em três meses, este artigo se tornasse obsoleto devido aos avanços dos players que dominam o hardware que alimenta empresas como OpenAI e Anthropic, atualmente quase monopolizado pela Nvidia.

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